LÉO VINCEY - POETA,CRONISTA,CONTISTA ,LOCUTOR...


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

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Por que me privas de ti, doce querida
Se o que mais quero nessa vida é te amar
Se já o faço com toda a força do imaginar
Se a todo instante sinto o medo da tua partida

Só de imaginar nenhum ser vive nesse mundo
Só o querer não  tem força para impor sua vontade
Só o medo nada pode sem a coragem , há que desejar profundo
Só o desejo é inútil, mas tu, meu bem, me dará liberdade

De se tem sido a minha vida, vem, olha de perto
Tua vida comigo independe de mim. Se queres amor
Ah, se que me escraviza, saia, é o meu clamor
Não vês, por ti meu peito estará sempre aberto

O só tem me acompanhado, busco uma solução
Só e se no meu caminho e o tempo sempre passa, amada
Serei um dia pó, levando o sentir comigo, coração
Triste com o meu passamento e que para ti sou nada


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Cerca  cerca a cercania de mim
Lá fora o infinito
Nada em mim acerca

O cerco de todos nós

...

In
Dis
Posição
De em para
Sobre com a
Perante até entre
Consoante segundo durante
Desde mediante após
Conforme afora malgrado
O baralhar das palavras

Essencial, acidental em mim...

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

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Os livros na estante
 ( aquela em frangalho )
E os espalhados pela casa
Procuram notícias de nós
Neles o conforto
Sentem falta dos teus carinhos
Sentem o tremor de minhas mãos
E o calor das lágrimas
O vinho sem ti perdeu o sabor
Como posso viver sem comparar a tua falta
Tudo aqui quer respirar
Durmo agarrado à tua camisola
Noites insones, luzes e ruídos de carros a distrair
Embaixo da cama teu chinelo
Teu cheiro aqui
Para onde correr
Meu pensamento corre tal qual o coração
Acelerado
A saudade afoga os soluços
Sinta o toque de minha alma em teus cabelos
Aqui
Boa noite,  amor
Bom dia,  amor
Repete-se a todo instante
Sons de tua ausência



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Solenemente e
Razoavelmente e
Generosamente e
Certamente e
Grandemente e
Adoravelmente e
Calmamente  e
Admiravelmente e
Atenciosamente e
Diligentemente e
Translucidamente :

Peço demissão de mim mesmo.

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Sou produto da criação
Filho esquecido de quem me criou
Quem criou quem me criou
Dúvida com centenas de explicações
Sigo em linha curva
Vasculhando o intangível
Na superfície da superfície de nós
Na busca da essência de mim
Uma outra linha, agora reta
Cruzou comigo
Sempre a encruzilhada, caminhos diversos, mesma vontade
A curva e reta, linhas do mesmo novelo

Descobrindo-se na teia do ser...

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

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Eu sou feito de lodo pútrido
Meu sangue, constelação
As células, veneno mortífero
Os órgãos, átomos de destruição
Meu corpo, arquétipo do homem
Em mim, vozes misteriosas
Busco o eu pelo universo
Pedaços esquecidos de mim
Em cada planeta uma forma de mim se acha
Assustadora, intacta...
Prestes a se revelar
Em delírio invado mentes
Na multidão
Sou adesivo
Camiseta
Alegoria
Filme
Produto na vitrine

Artigo de liquidação

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Vez em quando o diabo sussurra em meus ouvidos
Vez em quando dou de cara com ele
Vez em quando ele se fantasia
Às vezes vem molambento
Às vezes vem sedutor
Tomei um porre com ele
Trocamos confidências
O santo é ele, afirma
Sua sensibilidade e gentileza são contagiantes
Vai pedir falência
A concorrência é grande
Pelamor de ...
Imploram os ditos decaídos
O trabalho o chama, sobreviver é preciso
Vez em quando um anjo bate em minha porta
Vez em quando tomamos café
Não usa disfarce, dizem que é fácil de reconhecê-lo
Quer ser meu salvador
Os negócios vão bem, vangloria-se
Terceirizou os serviços
Com ele serei feliz, constata
Vez em quando um outro surge
Vez em quando hesito em dar uma chance
Vez em quando mando todos ir...
O diabo é que ninguém me larga
Um anjo segura os meus braços

O outro sorri de mim

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

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Em nossas baias caminhamos impunes
Pangarés doentes terminais
À margem dos puros- sangues
À margem de qualquer sonho
Reféns do laboratório que criamos
Anestesiados seguimos na corrida
Família
Profissão
Amor
Amizade
Dinheiro
Arte
Sexo
Moradia
Segurança
O prêmio é uma uva
Não somos a raposa
O ponto de chegada nunca chega
Nunca chega

Nunca chega...

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Cada palavra dita sentida intensamente
O coração pulsa junto
Cúmplices na frequência do sentir
Pouso meu desejo em tua boca
Meus faróis acesos, aperitivos para a fome
No tato a tato de nós, tua língua
No cobertor, erupção
A lança encontra o alvo
Déjà vu sem fim

Sorrisos nos olhares de nós

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O horizonte meus olhos fixam
Apenas um ponto ao alcance do olhar
A viseira em mim anula a visão periférica
Quem a pôs
Vou em direção a ele
Como um louco em busca do pote de ouro no arco-íris
O além dele, mito
Ando a ele mesmo assim
No horizonte de nós, o manipulador
Inconsciente reconfortante
Na busca do nada
Tudo encontro
Nuvem no horizonte
Olhos viciados


domingo, 26 de janeiro de 2014

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Um avesso de mim cava um poço
No infinito do meu  eu uma janela
Entro pela janela e cavo mais fundo
Vejo uma luz ainda distante
Há marcas de pegadas no caminho
Não são minhas
Não são minhas
Topo em um osso
Com ele a escavação vai mais longe
A luz está mais próxima
Percebo sombras
No fundo poço do poço de mim
Buraco negro
Sei que não vou me achar
O outro avesso de mim estende a mão
E deita meu corpo num corpo que não conheço


...

Essa necessidade de esvaziar o desejo
Esse grito inaudível
Estar no mundo, agonia ensurdecedora
Breves os momentos de alívio
A carnificina vem a nós, natural como o café da manhã
Os profetas do absurdo nos rondam, como a morfina no almoço
À noite alucinógenos compõem o sonho
Gente morta
Gente viva
Gente que não se sabe...
Mas
Num lugar isolado
Onde nada chega
Onde tudo é novidade
Onde a promessa de um mundo feliz é crença que não se duvida
Há pessoas felizes ( a vontade por muitos revelada )
Vivem
Como vivem !!!
A inveja mata
A mata matada
Sangue verde escorrendo
Alienígenas surgem
Se é que eles existem
São tão normais
Normalidade, conceito imposto
Barbárie seria não acreditar
A lógica explicada tudo
Pobre rebanho que para todo lugar é conduzido
O fim se aproxima
O fim se aproxima
Mentira que se tornou verdade
Verdade que se tornou mentira
Crianças gargalham de nossas preocupações
Que seres estranhos são estes
A mente programada, atrofiada cega segue
Nossa jornada é sempre individual
Em todos os sentidos
Teimo em acreditar que o vazio de mim alguém preenche
Enquanto respiro...

Será ?

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Cada gesto e palavra carregados de emoção
Não há como negar
Está evidente
A dúvida
A espera infinita dos segundos passarem
Os bolos salgados
Os ciúmes de tudo
A hesitação em falar o óbvio
O nervosismo
Foram  muitas as tentativas, até chegar o tão esperado sim
Chão e céu ficam tão próximos nessa hora
O sabor dos beijos, abraços, carinhos, indescritível
O modo como se olha o mundo muda
Tudo fica mais leve
Querer estar sempre perto, uma constância
Em cada encontro, incêndio
Tempestades surgem, é inevitável
Nesse mar bravio, raros sobrevivem
Qual a fórmula ?
Qual a fórmula ?
Não há bula
Viver, apenas, enquanto se tem, todo instante pode ser o último
Pode ser o último
E torcer para que o último suspiro seja ao lado da pessoa amada...



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Dirijo-me ao altar receoso do castigo
Difícil não tremer
De nenhum assunto fujo
Convicção não sustentada
Mero aprendiz de teu poder
És manifestação do silêncio
Do nada
Do improvável
Do espanto
Do encantamento...
Há mistérios em ti
Rodeado por ti, signo bendito
Em cada toque teu
Nas entrelinhas do mundo
Revelo-me

Negativo invisível, espalhado na multidão

sábado, 25 de janeiro de 2014

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O meu coração em tudo que faz está
Sou feito de altos e baixos
O pico em mim, overdose
Suicida compulsivo
Se é para falar de amor, palavras não meço
Tentação dos diabéticos
Repulsa dos insensíveis
O Amor
Ele, pai e mãe
Eu, filho desnaturado
Cada verso uma apunhalada
Gosto de sangue em mim, sobremesa
Quem de uma forma ou de outra não se rende a Ele ?
 Escuta o coração

Em cada um pulsa diferente o amor...

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No orifício de mim
Uma lama inflama
No seu caule uma flama
Na sua copa asas
A raiz desconhecida
Crisálida em chamas
Abortiva de nascença
Cismou
Cismou ser luz
Cismou ser trevas
Cismou ser tudo o que quis
Contenda de gênero 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

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Aqui nesse calabouço, espio à janela
Tambores se fazem ouvir a quilômetros
A multidão grita eufórica um mantra que atormenta
Ele há de vir
Ele há de vir
Ele há de vir
O carcereiro se aproxima
Todos conhecem sua fama
O mundo está em chamas
Todos esqueceram o que é estar seguro
A farsa se tornou real
Nos continentes inimigos se beijam
Quem é o mais forte ?
Aliados rastejam
Milhões sucumbem entregues à própria sorte
Esses infames malditos aceleram os meus passos
O carcereiro açoita as minhas costas
Eu sou o Tempo
Minha hora chegou
Só uma dúvida me consome
Quem controla o carcereiro ?






quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

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Tateio as palavras com pudor de maltratá-las
Não a elas, bem o sabes que elas têm história
Se eu fosse um romântico diria que és anjo, flor,jóia... ( imagino-te rindo disso )
No caminho que a vida nos dá te encontrei ou o contrário
Uma paixão nos aproximou
Não há um só dia que eu não pense em ti
Através de ti o mundo me foi revelado
Mas há um antes disso
Tua história não é diferente das de muitas pessoas
É tua história
Quantos momentos memoráveis
Ora bons
Ora ruins
Dirias que sempre viveste sozinha
Não vês os fantasmas que te cercam
És amada
Odiada
 A ti respeito e inveja  
Poucos sabem realmente que as flores te comovem
Tua força e coragem inspiram
Mesmo que te tornes pó e o além disso
Teu legado já está nos nossos corações
Não há como voltar atrás
Difícil é ficar longe de ti...


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No fundo de mim gerações
Em minha pele o tempo atravessa
Camada a camada
Sugando e dando vida
Meu corpo dividido enriquece a ganância
Pobre dos órfãos que por mim choram
Alguns casa em mim fizeram
Restam poucas irmãs
Sei que a morte chega
Mas assim, desenfreada ?
O outro em sua sanha faz de mim multiuso
Indefesa me entrego todo dia
Foi sempre assim
Sou cura
Sou veneno
Sou alimento
Sou salvação
Meus cabelos o vento afaga
Sou á
           r
             v
               o
                  r
                    e
                       Mais nada...





quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

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Conjunções carnais em mim
Nos poréns de tuas mãos
Um contudo do talvez
Por conseguinte os olhares
Apesar do não obstante
Ainda que murmúrios haviam
Se não fosse os comos
Tanto que se desejavam
Desde que os quandos afirmavam
Como os ou e os aqui
Nos parênteses uma exclamação
Um infinito de teu olhar
A fim de que um suspiro a sós

Nos lençóis de nenhum de nós

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Não sou dono das palavras
Quem o é ?
Elas me dominam, governam-me
Não vêm com instruções de uso
Por elas sou levado
Um servo pífio
Caçador do nada e de abstrações
Impõem em mim os mais diversos sentimentos
O meu eu que a ti se apresenta
Será o eu mesmo ?
Será o tu ,ele ,nós,vós eles ?
As palavras reinam soberanas
Apropriemo-nos delas
O Bem
O Mal

Elas realizam

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Ao longo curto caminho relíquias se apegaram a mim
Lembra os amigos e amigas da infância
Diluíram-se
Lembra os segredos copiosamente descansados no ombro
Espalharam-se
Lembra o desejo, aquela aventura incontrolável e suicida
Tornou-se fantasma a assombrar meus passos
Lembra o beijo, as promessas, as mãos dadas  e o para sempre
Virou esquecimento
Lembra de mim olhando para ti sem parar
A nuvem embaçava teus olhos
Há lembranças que não ouso registrar
Cicatrizes que fizeram de mim guerreira
Colecionando decepções surgiu em mim a força do meu ser
Mulher, som que enlouquece...



terça-feira, 21 de janeiro de 2014

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Abro a janela do quarto
Os ruídos diversos não incomodam
Respiro o ar cinzento de todo dia
No meu peito essa ânsia
Repetidas vezes tua voz no gravador da memória
Um sabor acelera os batimentos
O teu cheiro em toda parte aqui
Senti-me mulher ao simples toque teu
Reféns um do outro ficamos
Clausura querida,desejada
Volto à janela
Movimento muitas vezes feitos
Observava teu vulto sumir no horizonte
Os risos,as brigas,os sonhos circulam em nosso quarto
Partiste repentinamente
Os anjos te fazem companhia
Tua semente cresce em mim
Tua história conto a ela

Em sonhos nos amamos toda noite...

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A algema está apertada irmãos
Os elos da corrente estão próximos
Olhemo-nos
Abracemo-nos
Sem corporativismo
Imperam a vaidade e o umbigo
Ecoam vazias nossas palavras no tempo
É tempo de união
Nos comanda a úlcera do prestígio
Saiamos de nossas ostras
Vejam
A pérola está lá fora
Aqui dentro a realidade infernal
Ser, vazio que nos completa