LÉO VINCEY - POETA,CRONISTA,CONTISTA ,LOCUTOR...


domingo, 26 de outubro de 2014

...

O fruto de dentro incendeia
Esperneia
Reclama e
Grita
O fruto sendo semente virgem
A casca não quebra
Agoniza com isso
Vê o de fora crescer
Somente no silêncio de cada um
O fruto-alma liberta-se
Para onde
Para onde
Para

Onde

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

...

Martela um ponto no papel
Nódoa a interromper o fluxo
Vive driblando as pausas
Não permite o diálogo
Não quer explicações
Fecha os olhos para a dúvida
Tem certeza
É ponto

Final

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

...

No orifício da palavra
Dita um eco
Som alcançando o nada
O nada em si, começo do ato
Ato e palavra a desandar nas bocas
Nas mãos calejadas um veneno trago
Será amor meu deus
Nos olhos um fogo a queimar o paraíso
Magnetismo a diluir crenças
Ilusões a habitar a alma
Do lado de cá o infinito
Nele a palavra teimando
Eu, mudo contemplando o pêndulo da vida
Palavra lavrando em mim
Do lado de lá um suspiro
Mais nada.


Sede de amar...

Essa sede de amar invadindo o peito
Deixando todo corpo inflamado
Arrasando mundos,sonhos,tornando-se fissura
Senhora da vida e da morte
Cruel benfeitora
Instalou-se no
Antes
Do antes
e no além
do
Além
Atemporal,vive a comandar as vontades
Saciá-la,impossível
Poço sem fundo
São muitas as formas de senti-la
Em cada um se manifesta de forma diferente
Ao te ver
Comecei a viver no deserto escaldante
Em busca de ti
Oásis
Inferno
e
Paraíso


sábado, 18 de outubro de 2014

Balada das rimas de amor...

É como chama que chega e com fervor
Nos rosto, na pele, nos olhos, na voz, percebe-se o tremor
Não há como ter cautela nem pavor
Um toque tão sonhado, causa na alma ardor
Da ausência da correspondência só se tem horror
Juntos cada vez mais seja o instante que for
É o que se quer e os amantes servem a esse senhor
Trava-se uma guerra para ter como prêmio um favor
A sua força se conhece e todos provam o seu valor
Por Ele se faz promessas só pra sentir o calor
Nos beijos incessantes a fome aumenta o furor
Quantas noites se passou em claro da solidão tendo temor
Quantas declarações,canções se fez,dando à vida mais cor
Ah sentir tão cantado em verso,és o único,o melhor
Senhor de todos os sentires,atende o clamor

Entre flores e espinhos dançam contigo,por teu nome,Amor

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

...

Na tela a tua imagem
Olho o teclado do notebook
Eles me desafiam
O que tenho a dizer está ali
No meu peito muito mais
O coração comanda meus dedos
Amor, amo as tuas crises
És o que és
Sem pose
Nunca te escondes
A franqueza afasta e aproxima
Abomino a mansidão do amor
Pretendida por muitos
Quero esse vendaval, essa turbulência, essa dúvida do por vir
Ele exige enfrentamento
Conquista diária
Lutamos por nós em medidas desiguais
Mil formas de amar o mesmo ser
Quero ser esse estranho que em ti se achega
Nunca vais me conhecer e nem eu a ti
Seremos múltiplos e únicos em nós
E no escavar profundo dos beijos e abraços
Um mundo além e além dele
O abismo


...



Prenhos pelo ouvido
Por todos os lados
Vêm chegando
São pessoas?
São zumbis?
Rótulos do ser não-ser
O como se vê
Estão perto
Muito perto
Bem perto
Súbito
Implantam em mim aparelho auditivo
Vozes estranhas tomam conta
O eu não-eu

...



Olhos temerosos acompanham
Periodicamente distribuídas
Flores caem do céu
Coloridas e vibrantes
Uma a uma perfumam gerações
Ao simples toque
Os gritos ensurdecem
Ninguém ouve
Ninguém se importa
Trazem a morte
Em qualquer parte
Brinca tranquila uma criança no quintal
Prepara a mãe o café
No quarto os irmãos menores dormem
Como em todo lugar, alí há sonhos,desejos,esperança
Bandeira,água,religião,petróleo,poder cegam o homem
Constante ciclo vicioso a girar a corda do mundo
Em minha retina essa criança,esses irmãos,essa mãe
E tantas mães dormem felizes
O inferno é aqui
Daqui lágrimas aliviam o céu
O cogumelo come a nuvem
Varre o meu mundo
Sou só imagem e fotografias nas paredes
Meus pedaços espalhados por aí
Banquete da intolerância

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

...

No tato
Com(n) tato
O tato
Com jeito
A tatear mais um pleito
No olfato o êxtase
O chão a sumir
Consumindo o gosto
Da boca o mel
Ao encontro do fel
Os dois antagônicos
Nos defeitos perfeitos
Na mistura excêntrica
Da minha vida na tua
Da tua vida na minha
Num balé dissonante
Lado a lado seguem
Combinação perfeita
Cada vez mais sozinhos
No espanto de nós
Das nossas almas a foz

Fosso do nada

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

...

Meu corpo deita noutro corpo
Na esperança de um só
Navegando sob tempestade
Acalmaria busco
O outro corpo
Reflexo de mim
Espelha estrela nos olhos
Enfim o cais
Nos laços trêmulos dos abraços
Tantos ais
Nos corpos só(i)s

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

...

Uma viagem ao desconhecido
No escuro dia
Na claridade negra a perfumar o caminho
Em cada passo a descoberta
Ser
Necessidade a engolir
Adentro em mim
O labirinto
Caleidoscópio de vontades
A cada instante uma face
Retalhos do eu a construir imagens
Na jornada
Um rosto se perdeu
Uma força se esvaiu
Bocas se cruzaram
Mãos se uniram e se despediram
Percurso de cada um
Sozinho
Viagem de todos nós
No teu olhar uma vela

Nele meu rosto espantando o frio