LÉO VINCEY - POETA,CRONISTA,CONTISTA ,LOCUTOR...


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

...

Veja aquele campo verdejante, o aroma dele é meu suor
Inúmeras vezes meus pés o acariciam
O riso, as brincadeiras dos amigos ecoam em meus ouvidos
Ainda me vejo sentado à sombra de uma árvore
Respiro a liberdade a cada segundo
Caminho pela cidade, abraço meus irmãos e irmãs
São tão felizes, nada a eles falta
Meu futuro , garantia que o tempo assegurou
Gerações anteriores a mim, sentem-se felizes
Sinta a alegria de meus olhos
Há esperança neles
Somos milhões
Somos raros, nosso sangue é incolor
Seres invisíveis que somos
Não padecemos de mal algum
Em tuas mãos deposito o meu destino


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

...

Aqui embaixo é tudo breu
Na parede um colorido engana besta
Na rua muros e mais muros além dos muros de nós
Da profundeza um corpo emerge antes do meu
Contempla-me, imagino-me dentro dele
Serei eu esperando minha alma
Deixo meu ser vagar em rumo incerto
Assombrado pela sombra que me segue sigo
Tantos de mim,tantos de nós possuídos por matérias podres
 Atravesso pessoas e d(n)elas me transformo
Na parede um rascunho de mim



...

Cada respirar uma agonia, a farsa da vida exposta
A obsessão a consumir o instante vivido
A sensibilidade a imprimir sua força
O ego amedrontado, submergindo modéstias inexistentes
Olhos insistentes a perseguir o sonho
Ó alma sedenta, esvazie o vazio inundante
Dante à imaginação,dantesca curta vida
O mundo entra pelos poros do corpo
Os olhos vívidos de tristeza
O riso largo, gestos espontâneos a tocar o dia
O amor a temperar o fel da existência
No corpo de um corpo
Encontro consigo

Ilusão de existir

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

...

Exumei um cadáver-vivo ou um vivo-cadáver
Não sei
A família consternada ansiosa aguardava
Ente querido, genealogia tradicional, milenar
Autópsia dolorosa, corpo volátil
Camada a camada analisada
Mistérios descortinados, gratas surpresas
O corpo sangrava
O olhar perplexo
O corpo tem alma
( Meu Deus !! )
O corpo é uma palavra

Alívio para a humanidade

...

Sonho com uma mulher que não é minha
Com o amor que nunca terei
Com olhares que nunca serão meus
Com uma boca
Ah...Que boca...
Uma boca que tanto desejei
Sonho, sim
Quem não sonha
Quem não sonha realizar um sentir
Quem não sonha viver um amor que não tem
Um beijo que deseja
Um corpo para saciar as vontades
Vontades que não tem fim
Sonho
Sonho com a mulher que nunca terei
Sonho
Sonho com você
Você que toda vez passa por mim e nunca me vê
Você é meu sonho
Você,  sabe que é desejada
Seu nome em letras garrafais

Por onde passo

domingo, 9 de fevereiro de 2014

...

Sou o que sou
Natureza na contramão
Inconscientemente ou conscientemente assim nasci
Ciência tentando descortinar um véu primitivo
Um olhar diferente através do tempo sob mim
Existo e pronto
Assim nem sempre foi
Padrão perverso impôs-me labirinto
Perdida não estava
Espelho constantemente a desafiar-me
Via um rosto que não se revelava
Identidade exposta, ser quem se é, desafio assustador
Em qualquer idioma, em qualquer lugar a aversão sempre se revela
Milhares curvam-se, morte certa a reinar
No labirinto da vida
Nossas mãos, desejos, sonhos se tocaram
O amor não tem rótulos
Prazer também não
Alguns são escravos dos nomes que dão ou dos que se impõem
Sigo meu caminho
O sentir existe sob várias formas
Somos únicas, cada um tem a sua história
Falar de ti, motivos para inúmeros romances
Frustrando  expectativas sigo em frente
Sem estereótipos
Ao teu lado paz
Guerras sempre existiram
Ter braços, olhos, mãos, corpo para ancorar e um beijo para suspirar
Nossos momentos
Sem medo
Tua boca me convida toda noite
Contigo estou a cada segundo
O sol é em nós
Lá fora escuridão...   




...

Mergulhado em um líquido
Sinto o passar do tempo
Formas vou assumindo
Construção muitas vezes previsível
Serei imagem não escolhida
Não farei o que quero
Farei o que penso que quero
Jogo amaldiçoado
Escolha, fingirei ter
Viver em paz é preciso
Precisa é minha validade
Terei família, emprego, decepções, vitórias e derrotas, amigos...
Uma vida para chamar de minha
Vivo sonhando com o mergulho
Quero o antes do antes do antes do antes dele
Busca incansável
Repetirei o ciclo ?


sábado, 8 de fevereiro de 2014

...


As horas passam lentamente
Nada mais faz sentido
A vida zomba da minha cara
Há  tempos que morri
Aqui dentro imensidão
Essa vontade de sumir
Quero muito a vida que me foi roubada
Felicidade, esperança a rir de mim
Há alguém como eu ?
A cada instante uma máscara ganha forma
Cada olhar tem uma visão de mim
Monstros a perseguirem o meu dia
Meu rosto se perdeu de mim
( será que realmente o tive? )
Vivo escondido de mim
Vivo os outros pelos olhos e passos
Lágrima rolando no abismo de mim
O som de uma pedra se ouve
Um bater cadenciado
Quanto mais o som de aproxima
O terror dos homens vem
Sorrindo
Faceiro
Sabe que ninguém escapa
Ri da imagem que fazem dele
Uma tênue linha separa meu desejo

  

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

...

Ando às voltas comigo
Dou de cara com um otário
Um idiota perfeito
Assusta até a passividade
Tão comum
Nem zero é
Nem número negativo tão pouco
Inexiste
Vida amorosa
Amizade...
Dó, um sentimento perseguidor
Tudo que faz fracassa
Sua vida é só início
Nada no meio do caminho
Ele assusta, sei
Fugir dele
Não consigo
Está colado em mim
Se porventura esbarra em outro
É espectro
Plasma
Infestação

Praga de si mesmo

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

...

Não sei o que dizer, o que pensar
Quero compor algo digno de ti
Difícil escolher as palavras
Vou sem pensar
Deixar o coração conduzir
Eu te amo, sei disso, é um amor que não se contém
Que não se explica
Que tu não entendes
Que existe
Que dizes que eu não o  revelo
Está em mim intenso
Minha natureza é silêncio
Mas o  barulho que ele faz atormenta
Tu, querida, és tempestade
Nela me atiro
Que venham os raios e os trovões
Não sou poeta
Ele ( o poeta ) é mentiroso
Sente sem sentir
Ama sem amar
Sabe lá o que mais ?
Estou me perdendo nas palavras
Tu provocas isso
Que esse malfadado poema
Seja único, mesmo que tosco
Seja o último, assim espero
Quero que as palavras ganhem vida
Tal qual terremoto destrua tuas bases
Ou de quem o lê furtivamente
Assim talvez eu quereria o meu último sopro
O último poema
A última palavra

Lacrado num beijo teu

...

Percorro as ruas da cidade
Maltrapilho vou
Chinelos velhos, amigo de muitas aventuras
O corpo ( franzino ) não sabe o que é um banho
Todos olham para mim e através de mim
Não enxergam, sei
Vícios, tentação acolhedora
Não é culpa minha
Na rua, batalha feroz
Morte lenta
Autofagia constante
Bicho fome tão comum
Devora mais que o corpo
Estou só
Olhos mortos
Não importa como vim parar aqui
Sou milhões
Estatística de crimes
Estorvo
Ninguém
Meu erro foi nascer ?



...

A mulher desperta em mim
Açoita o vento
Cria mundos
Domina as formas de amar
Vem sob muitas formas
Sem disfarce
Sem fases
Nas mãos, delicadeza e força
Nos pés, histórias de exemplos
Caminhos seguidos e a seguir
Nos olhos, um quê que não se explica
No rosto, uma chama, farol desejável
No corpo, só o escolhido
No coração, mistério insondável
Ela é homem
O homem não é ela
Nunca será, inútil tentativa
Sou espírito
Simplesmente nasço, órgão opcional
Sou única em muitas em mim
Sou teu pecado
Salvação
Dor
A mulher em mim tem asas
( não se engane, não sou anjo )
Voo onde ninguém alcança

Passeio em mim para sempre

...

Quantas e quantas vezes te olhei nos olhos
Longos diálogos silenciosos, a harmonia presente
Mesmo sentir, uma voz, um corpo
Nada a nossa volta era importante
O universo era o nós
Tu e eu somente
Obstáculos e crises, meras circunstâncias de nossa jornada
Ah... Tórridas noites e dias de amor, inesquecíveis
Tantos planos, muita vontade
Desconhecíamos palavras como talvez e cedo
Só o sim imperando nosso desejo
( quem ama prudentemente, ama? )
Via-me de branco, num vestido de sonho
( As amigas num choro de alegria
As nossas famílias satisfeitas ( menos que nós )
Os teus amigos imaginando por que tão cedo ?
Um ou outro pensando : “ – Será que vai acontecer comigo?”
( Os homens tentam,mas não entendem dessas coisas )
Tua convicção me hipnotizava )
Os olhos festivos em direção a mim
A magia do momento sorvida a cada respirar
Não ouvia a música nem sentia o perfume das flores
Só te via ao deslizar ao teu encontro
O estrondoso sim
O beijo
A festa
A lua-de-mel
A vida realmente começando
Mas
Há um porém no contudo da vida
Nossos olhos oblíquos
Não há oftalmologista para o sentimento
Tudo virou cinza, passado, pesadelo...
O que é o Amor?
O que é o Amor?
Respostas variadas
Sigo com cicatriz no peito
Meus olhos hão de encontrar outros olhos
História repetida?
Não sei

Amar pode ser um Inferno

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

...

Fantasma de mim
Vivo nas sombras
Meu pai, trevas
Minha mãe, luz
Amigo do medo
Avesso à coragem
Irmão das hesitações
Amante dos sonhos
Inquilino das ilusões
Respiro por teimosia
Meu corpo, translúcido
Enfeite dos muros
Página dos desesperados
Caneta dos céticos
Sou a pele do Ninguém
Nasci para o Nada
As pegadas no caminho
Invenção do eu
Poeira

Ar dos invisíveis

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

...

Escorre por todos os poros do meu ser uma ânsia
Asfixia o desejo, paralisa e regurgita sonhos
Em passos lentos caminho junto aos irmãos
Estou invisível
( já nasci assim )
Misturo-me às cores deles
Sinto-me forte
Minha invisibilidade continua
Agora,  num corpo humano
As vozes zumbindo ratificam outras
Ecos do passado
O presente se atola
Mentes, mãos, ações, corpos
Paraplegia contagiante
O deus Umbigo nos comanda
Nosso DNA
Sorvemos o líquido e comemos a carne
Gestação além corpo
Meu corpo fugiu de mim
Grito
Grito
Grito
Sou nuvem




domingo, 2 de fevereiro de 2014

...

Quero o que há de pior em ti, amo-o,  nos mínimos detalhes
Os ciúmes desmedidos e agressivos
Os barracos despudorados e que amedrontam até a lei
As roupas jogadas no meio da rua em acesso de fúria
Os móveis destruídos
As ameaças
As unhadas no peito, braços, costas...
Os hematomas que carrego com carinho
A forma como me prendes ao teu lado
Melhor carrasco não há
Esqueci até o que é família e amigos
Tenho apenas permissão para trabalhar
Minha hora de saída e chegada é rigorosamente cronometrada
Podem até me chamar de masoquista
Amo os xingamentos que vêm de ti
Os outros nomeiam-me lerdo,paspalhão,otário,banana,corno...
Tantos nomes
E eu com isso
Afirmo com sangue que quero o pior de ti
Não me importam as tuas qualidades
Sei que as têm e são tantas
Não ouso falar delas
Amor assim existe?
Não vês?
Sou prova viva disso
Tens também o poder de morte sobre mim
Tu és intensa em mim
Amor-perfeito é uma flor
Ela é feia diante de ti


sábado, 1 de fevereiro de 2014

...

Sombrias sombras
Silentes nos sussurros
Sacodem, semeiam, sacramentam
Segredos selvagens e solfejam
Em mim um soar de silvo sereno
Sinuoso som, sedento
Sem saída e só
Sigo
Sem saber
Se solidão sucumbe