LÉO VINCEY - POETA,CRONISTA,CONTISTA ,LOCUTOR...


quinta-feira, 28 de março de 2013

Pedras com asas...


Corpos despedaçados, espalhados...
A náusea é o menor dos sentimentos
O sangue tinge o chão
Os olhos de um corpo atravessam outros
Feito navalha o fedor corta a alma
Ninguém diz nada
Tudo segue a sua rotina
O rio banha lembranças
Árvores queimam de desejo
O colorido das aves ameniza o negrume do céu
Isso é pouco, isso é pouco, isso é pouco...
A voz insistente não cansa
Animais caminham sobre outros
A morte não os apavora
Ela é bem-vinda
Ela liberta
Isso é pouco, isso é pouco, isso é pouco...
Um gemido corta o silêncio
Animais caminham
Riso estampado, planos a realizar
As pedras na beira do rio criam penugem
Isso é pouco, isso é pouco, isso é pouco...
Vozes ganham fôlego, preenchem o espaço, ensurdecem
Será meu Deus o fim dessas almas?
Mais corpos boiam
A correnteza é o único funeral
Não há flores
Choro
Missa
Família acompanhando
Todos mortos
Isso é pouco, isso é pouco, isso é pouco...
Pedras criam asas
A cidade as faz tremer
O homem as amedronta
Elas ruflam as asas freneticamente
Param
Uma criança as detém
Olhos redentores
Cheios de lágrimas e esperança
Será?
As vozes se calam...

Nenhum comentário:

Postar um comentário