LÉO VINCEY - POETA,CRONISTA,CONTISTA ,LOCUTOR...


segunda-feira, 26 de maio de 2014

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Abismo de rosas em mim
Espinhos a beijar a pele
Chega de mansinho
Na lassidão o senão
A casca a ruir
O olhar de perto as cores entorpecendo
Sob a mesa o riso a desafiar
Em pedaços colada a foto
O corpo mergulha
O chão tão longe
Desço em mim de encontro a ti
Espasmo dos dentes a flutuar
A queda
O chão
O eu
Pétalas a perfumar o fim

Grelo do amor dissolvido em ar

segunda-feira, 19 de maio de 2014

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Lá no outro mundo na outra vida além
No aquém mundanos prazeres
Da maçã dourada o gosto
No ventre o aborto a sorrir
Bem perto está o Nada
Passos firmes na jornada a seguir
Brisa a carinhar perdidos sonhos
Tapete a cobrir ossos no esquecimento
A prometida terra
Viagem ao ponto de partida
Almas a habitar corpos
Nas marés das nuvens
Poeira guardada
A pele o suor o sangue a lembrança a vida
Roupas estendidas no varal
Esperança avivando o paladar
A colher o fruto a morte
Verde maduro maduro verde


domingo, 18 de maio de 2014

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Um dia como tantos outros
Em seus momentos únicos
Na inquietante tranqüilidade
Os olhares dizendo
As mãos nervosas
A respiração cardíaca
Naquele verão ou inverno ou primavera ou outono
Estações mutantes a invadir territórios
Um dia como tantos outros
Em seus momentos nostálgicos
Sons apressando pernas
A vontade arqueando ombros
O corpo definhando alegria
O inferno tatuado no peito
Naquele instante lúcido a zombar do existir
Um dia como tantos outros
Em seus momentos de fraqueza
O emprego o salário o aluguel as despesas
Estômago a sorrir no purgatório
A certeza da incerteza no correr da vida
O medo acompanhando a coragem
Naquele segundo epifânico do ser
Um dia como tantos outros
Na hora triste da partida
Companheiro atemporal a registrar ecos
Beija a boca do invisível
A despedir de si sem existir

Um dia como tantos outros...

quarta-feira, 14 de maio de 2014

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Aquele olhar indefinível perscrutando os poros
O sorriso enigmático inquirindo a alma
A respiração pescando sensações
A pele orvalhada em arco-íris
Elucubram sonhos, delírios
O desfolhar do ser, a perplexidade
No fuçar do íntimo
Íntimo aquém, além de si
A descoberta
Horizonte ao alcance das mãos
Buraco negro vomitando corpos
Não se conhecem, se esbarram
A busca de si no outro
E eu vagando

Olhando a âncora a deslizar no céu de mim

quinta-feira, 8 de maio de 2014

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Na selva um grito
A confortar silêncio invisíveis vozes
Ouro a minar desejos
Na pele um céu cinzento
A cobrir os lábios cinza
Teus braços acalmam
As cores de nós, lembranças
A seguir o curso rio a lugar nenhum
Sons a invadir o ar
Companheira amável,a agonia
Nas trilhas sangue a perfumar
Repercussão amarelada de jornal


quarta-feira, 7 de maio de 2014

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No refazer de mim
Palavra-muro
Não-palavra
O nada sendo essência
Vazio-tudo
Palavra-nada
Tudo em mim tropeço
No peito ecos
Alma a libertar-se
De texto em texto
Aflição
Espíritos a povoar
A esmo de mim

Ponto final.