LÉO VINCEY - POETA,CRONISTA,CONTISTA ,LOCUTOR...


sexta-feira, 31 de maio de 2013

A UM QUERER...

A lua nua envergonhada
Ruboriza-se a um riso
O siso que não se tem
Nos teus cílios enlouquecem
Amar?Não digo que o sinto
Mas, a musa que se esvai em nuvem
Disputa com a lua
Dividido entre paixões
Tomo um gole de vinho
Afogo-me em sentimentos
Deixo apenas um beijo
Um sonhado
Talvez recusado
Acalmar essa vontade
A lua chora
A musa implora
A dúvida
Bendita e maldita dúvida
Me devora...

segunda-feira, 27 de maio de 2013

A DANÇA DOS MORTOS...


Em seus túmulos reviram-se
Impotentes soltam urros, é o máximo que podem
A lembrança da casa,da família,do amor,da vida,corrói
O sangue gélido que corria nas veias,faz falta
Pelo menos isso
Era o único sinal de vida existente
Há muito a carne apodreceu
Comida de vermes
Cadáveres reivindicam o seu lugar
Os túmulos não os acomodam
A saudade da vida revigora a vida podre
Podre vida que se vive
Mentes vazias dominam a cena
Impropérios são ditos,nada acontece
A loucura dos esqueletos aflora
A cena está montada
Quem está vivo realmente?
De passado se vive
Os mortos regozijam-se
A dança começa
Cada um busca o par que a vida-morte uniu
Os iguais são tão diferentes
Cada dor,alegria,desejo,vontade,ambição,perda,amor... São únicos
Cada um o sente a sua maneira
Viver é estar abraçado com a Solidão
O depois,ninguém o disse,só se especula,só se quer acreditar...
Amarra-se um barbante na nuvem,sente-se a música e rodopia-se ao vento
O velório da vida prossegue
Renascer : um desafio
Ah,essa música da vida que não para
Ritmos dissonantes cadenciam o coração
Morto
Vivo
Não se sabe...

VISLUMBRES...

Eu sou teu homem
Tu serás minha mulher
Em outro mundo,outra vida
O presente nos afasta
O futuro não nos espera
Esse mundo bizarro,tua história,minha história
Dilúvio em lágrima me abraça
Tua presença irreal
Abraça,confessa e grita em mim
Verdade que a mentira se apossou
Fotografias não penduradas na parede
Uma família
Um nós
A sós...

quinta-feira, 23 de maio de 2013

DESPALAVRAÇÃO...


O papel em branco ou uma tela de computador
A caneta ou as teclas
Não importa o meio, o desafio está lançado
Dissecar  a palavra,fazer do texto uma descoberta
Ouça
O barulho do rio
O canto das aves
Crianças brincando
A cidade barulhenta
Passos apressados
Mentes em conflitos
O grito que a boca não profere
Alguém pedindo ajuda ou amor
A música implantada em tua mente
O silêncio que tanto desejas
A  calmaria da selva  e o medo que ela pode provocar a quem nunca a viu
Imagine-se num mundo a ser descoberto
A linguagem misteriosa da poesia
Tão clara, tão límpida...
Buraco negro a nos engolir
Despalavração
Objeto de escavadores
Disputam entre si o melhor prêmio
O  nada-tudo
Vazio de cada um...

VOCÊ...


Impossível não notar a força que o seu olhar contém
O brilho que emana e os sonhos que desperta
Ser atraído por ele é natural e fugir não convém
Curvar-se a sua atração magnética e sempre ficar alerta...

O cabelo que emoldura sua bela face é tentação
A vontade de sentir o  cheiro e fazer dele cobertor
Não,não é tão grande assim,é culpa da imaginação
Mas, mais que imaginar é a certeza de amar com fervor

Ah, boca que hipnotiza,sorver dela o mel que alimenta
Fazer dessa busca uma ação constante é enfrentar a tormenta
Boca que nega,contraria,desafia e por vezes permite-se vencer
É a glória, duas bocas que se encontram e deixam o sentir crescer

Seu corpo tão frágil-forte, é fonte preciosa e por ele se pode morrer
Ele,gerador de outras vidas,deve a todo custo ser protegido,preservado,amado...Sem perder o juízo
Como não se render a tamanha elegância?Só você para fazer alguém querer viver
Não, não pense que com isso dito a morte se busque,se quer ver a luz do seu sorriso...

As mãos que se vê flutuando no ar, acompanhando os passos que dá, fazem o coração flutuar
Ó dedos graciosos que afagam o rosto, sentir o roçar deles na pele ,é carícia desejada
Mãos que seguram outras mãos,que se entrelaçam e que unidas se põem a rezar
Você, é alguém por quem se reza encontrar e que nessa e em outras vidas sempre será amada...

quarta-feira, 22 de maio de 2013

NA ESQUINA...


Não sabia que a rua era aquela
Caminhou lentamente
Não temia o desconhecido
Tudo estava mudado
O chão maltratado
As casas
As pessoas
O canto das aves ( como eram tristes agora )
As árvores teimavam em viver
Ao longe um rio debatia-se em suas últimas horas de vida
Ele percebeu
Seus passos começaram a se apressar
Alguém do outro lado da rua acenava
Tinha os mesmos aspectos físicos que ele
Segurava uma lanterna, os lábios pronunciavam algo
Pediam para que corresse
O outro acendeu a lanterna
Aproximou-se...
Na esquina a verdade, poderia ter sido em qualquer lugar
Mas aquela esquina, tantas vezes esquadrinhada, o emocionava
Seu corpo morrera ali, marcara encontro com a alma
Olhar as estrelas é o que restara
Nelas, o sonho , a vida...
Nas mãos um bilhete : “ o homem é o mal do homem...”

EM TODO LUGAR...


O peito pula acelerado,
As palavras se ausentam,
O sentir persiste...
O celular que não toca,
As mensagens que não são recebidas, aumentam o desespero
A dor em mim,minimizar não posso
Perambulo pelas ruas ,elas estão mortas
Tudo está morto sem ti
A casa
O trabalho
A vida lá fora
Aqui em mim os vermes tripudiam
Vês
Em todo lugar ,o velório persegue-me
Todos sabem que morri
Sem tua carne ( a fartarmo-nos )
Sem tua boca ( que de tudo me dizia, não tínhamos segredos )
Sem teu carinho...
Sei,não nasceste ainda
A esperança, teimosa,segura minhas mãos e me conduz
Será que és tu, que me lês agora?
Não, há sempre alguém pensando em outro alguém
Em todo lugar, tua essência me dá forças
O amor é solitário?
Não sei em quê acreditar...