LÉO VINCEY - POETA,CRONISTA,CONTISTA ,LOCUTOR...


segunda-feira, 11 de junho de 2012

NA CURVA DO RIO...

Quando o barco do porto se aproxima
O medo e a esperança crescem nos viajantes
Famílias saudosas oram por seus filhos
Corações aflitos arrumam as bagagens
Muitas línguas...
Muitos sonhos...
Um só desejo
Sobreviver
A floresta parece muito mais assustadora agora
Madeiras flutuam no rio seguindo seu caminho
Ao longe, o berro de uma onça anuncia a morte de mais uma presa
A Morte,companheira de todos, anota os nomes um por um...
Uma máquina de ferro romperá o silêncio amozônico
Os trilhos mostrarão o caminho
Caminho possível, urgente
A Selva acolhendo almas
A Terra sugando o sangue
Gritos clamam por socorro
Na curva do rio, dezenas de barcos se aproximam
Não vem não!!
Vai sim!!!
Não vem não!!!!!
Vai sim, vai sim , vai sim...
Ahistória sendo feita
Em cada dormente, muitas vidas
Dor mentes
Mentes dor
Dor entes
Doentes
Uma a uma a vestimenta da máquina chega
Muitos já não ouvirão seu apito
Outros sonham com isso
O impossível começa a ganhar forma
Terá seu brilho?
Será apenas lembrança?
A dúvida alí não existe
Na memória, fotos com risos amarelos
Amarelo se está de espanto
Na curva do rio derramei meu pranto
As palavras joguei ao vento
A história, no esquecimento


sexta-feira, 8 de junho de 2012

POÉTICA DO AMOR...


Como não adjetivar tamanha beleza?
Adjetivar, característica comum aos românticos de todos os tempos
Exagerados?  Nefelibatas ?...
Não ,Amor, não os culpe, é só a Emoção que importa
Ele é o meu guia, a força suprema,manifestada de diversas formas
Ah... A Beleza sente inveja de ti
Como excluir os advérbios, se eles mesuram as circunstâncias de tanto querer?
O Agora,
O Sempre,
 O Jamais ou Nunca
Clamam urgência alucinadamente
Meu, Minha, o Amor toma posse...
Predador e Presa num só peito
Onde está a fórmula do Amor?
Não  o questionemos mais
Cada um O percebe a sua maneira
Só quero mesmo eternizar-me em ti num beijo
Nos teus braços aquietar meu coração...

domingo, 3 de junho de 2012

O BOTO...

O boto roto caminha
Em frangalhos está
Do rio revoltado saiu
A estrada fantasma o observa
O ventre multicolorido o nomeia
Sons de máquinas estranhas o assustam
Os irmãos latinos estão com ele
No peito carrega
Cadê o apito?
Onde está a fumaça?
O bom selvagem, ilusão de ótica
Selvagens se deliciam com a carne
É lenda
É fantasma
É boto
É homem
É boto-homem
É homem-boto
Em sua travessia segue
Atravessado de emoções
Para
Senta
Espera
O infinito é nuvem
Cabe nas mãos...